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Como treina o campeão mundial Taylor Atwood?

Taylor Atwood, da categoria até 74kg, conseguiu bater a marca de 838,5kg de total, pesando 73,6kg. Seu coeficiente (IPF points) foi o melhor da história: 123.42 pontos. Alguns dias após competir, concedeu uma entrevista ao podcast King of the Lifts e falou bastante sobre seu treino e preparação. Anotei os pontos mais importantes do Podcast e resolvi compartilhar.

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1 – ROTINA

Sua rotina mais comum foi:

Segunda: Agachamento + Supino + Terra.

Terça: Descanso.

Quarta: Agachamento + Supino + Dorsal.

Quinta: Descanso.

Sexta: Agachamento + Supino + Terra.

Sábado: Supino + Acessórios.

Domingo: Descanso.


Comentário: a rotina do atleta tende a se modificar na transição entre período preparatório e período competitivo. Não se deve levar isso como algo escrito em pedra. Em dado momento, ele fala que distribuía o volume de um treino dos três lifts em dois dias consecutivos, devido à sua rotina (ele não vive exclusivamente do esporte). Qual a duração das sessões? Variava muito. Perto do campeonato, ele chegou a passar de 3h em algumas sessões (lembrem-se que deve haver um aquecimento específico, filmagem, etc.)


2- COMUNICAÇÃO COM O TREINADOR

A rotina não começou da forma ideal – se levou anos para ajustá-la. Após cinco anos de trabalho com seu treinador, Jason, eles foram chegando a uma rotina ideal, entenderam melhor sua capacidade de recuperação, os melhores protocolos de sets e repetições, intervalos entre sessões, tempo necessário para cada lift no tapering, etc. Nada vem do dia para a noite. Foram muitos anos anotando e comparando dados.


Comentário: vale a lição para os atletas que gostam de ficar trocando de treinador para conhecer a metodologia e ficar comparando. Não há boa coleta de dados - o treinador precisa de dados comparativos entre micro, meso e também entre macrociclos. Segundo Sheiko, o tempo mínimo para ajustes de vícios na técnica é de 18 a 24 meses. Isso varia de indivíduo para indivíduo, mas basta conversar com alguns dos melhores treinadores que eles irão reportar esse tempo médio.


Fadiga vs. Lesão: Taylor disse que seu feedback era fundamental no trabalho. Ele sempre passava o que considerava relevante. Diálogo bilateral e não unilateral. Se o Jason não o escutasse, seria difícil trabalhar junto. Taylor disse que ele sentia fadiga em todas as sessões de sua preparação. Todas, sem exceção. Mas sabia que era parte do processo, já conhecia seu corpo e estava seguro na preparação com seu treinador.

Comentário: Com o maior conhecimento do Taylor a respeito do seu próprio corpo, houve uma melhor comunicação sobre o impacto da orientação e grandeza das cargas impostas. Ele já era um atleta de ponta há muitos anos, então seu feedback tem muito mais valor do que o de um iniciante. Um atleta faixa preta já passou por muita coisa, um atleta faixa branca não. Discernir entre fadiga excessiva e chance de lesão é algo fundamental – mas é muito difícil. Para quem tem um porquê, enfrenta qualquer como.


3 – PERFORMANCE NO TREINO


Melhores desempenhos em treino: Agachamento 295kg x 1 rep. Supino 197.5kg x 1 rep faltando aproximadamente 14 dias. Levantamento terra 325kg x 1 rep, sobrando 2 repetições (foi RPE 8).

O treino que ele mais se sentiu mal na preparação, foi justamente o treino no qual atingiu 325kg no levantamento terra, que foi feito após 3h já na academia. Estava um pouco distraído no início do treino, chegou a tropeçar, bater o pé nos equipamentos, etc.

Comentário: foi uma estratégia melhor que a do seu principal adversário na busca de melhor atleta (Russ, da categoria 83kg). Guardou o melhor do terra para o momento que realmente era importante: a competição. Não havia competição direta com ele na categoria 74kg, logo ele teve certo conforto na escolha das pedidas para bater o maior coeficiente da história.


Taylor testou trocar de calçado no meio da preparação e quase se lesionou. Mudou repentinamente do tênis da Adidas para Romaleos 4. Não esperou adaptar. Sentiu incômodo, mas não chegou ao ponto de uma lesão grave.

Comentário: o Romaleos 4 é um tênis bem alto. A mudança em relação a qualquer equipamento deve ser gradual. Uma mudança repentina sem tempo de adaptação aumenta risco de lesão. Atletas experientes ao mudar apenas 1cm sua pegada no supino, sentem muita diferença. Seja gradual.


Peso de treino oscilava entre 75.5 e 76.0kg.

Comentário: um peso um pouco acima da categoria, mas numa margem extremamente confortável para competir, sem precisar de protocolos agressivos de perda líquido. Vale lembra que a pesagem é feita 2h antes de competir, então uma perda superior a 3% do peso corporal pode ser agressiva demais para algumas pessoas.

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