
Jejum intermitente não é novidade – pode ter ficado famoso na internet através da “Warrior Diet” e depois via Instagram, mas é algo bem antigo. Muitas religiões já o defendiam, por diferentes motivos.
Afinal de contas, ele funciona? Se sim, como?
Para a maioria das pessoas que treinam com baixo volume/intensidade e buscam secar, ele é prático e efetivo na perda de gordura simplesmente porque ele reduz o consumo de calorias no dia.
Quando a pessoa não precisa de muitas calorias e come 6x ao dia, é mais fácil de engordar do que comendo 2x. Mesmo que cada uma dessas duas refeições seja grande. É simples.
Existem outros efeitos fisiológicos causados pelo jejum, porém o principal, para a perda de gordura, é este.
Há pontos negativos? Sim, dependendo da pessoa. Algumas pessoas ficam mais estressadas que outras ao ficar muito tempo sem comer. E cortisol altíssimo, além de ser catabólico, aumenta a quantidade açúcar na corrente sanguínea – mesmo sem ingerir nada. Portanto o que pode ser remédio para alguns, pode ser veneno para outros.
Jejum aumenta o foco? Algumas pessoas relatam isso. Para quem tem baixa sensibilidade a insulina e um maior % percentual de gordura, pode ter um efeito mais positivo. Contudo, se uma pessoa treina bastante, tem boa sensibilidade a insulina e realiza trabalho com pesos (o que aumenta a absorção de glicogênio muscular), dificilmente ela vai perder foco após uma refeição, mesmo que seja rica em carboidratos. Sua glicose não ficará desregulada assim. Eu nunca conheci alguém “com foco exemplar” só porque fazia jejum. Isso é uma habilidade à parte.
Uma boa saída para alguns nessa questão da glicose são caminhadas rápidas, de 8 a 10 minutos após as refeições. Um estudo a respeito:
Importante levar em conta:
Jejum por si só não implica em uma melhora na qualidade da alimentação. Dá pra fazer jejum comendo apenas industrializados pobres em micronutrientes. Muitas pessoas o tratam como um passe livre para poder comer besteira.
O enfoque isolado apenas na restrição do tempo de alimentação não supera o trabalho visando outras variáveis importantes da dieta, como macronutrientes, micronutrientes, ingestão calórica total, consumo de fibras, timing das refeições, etc. Abordagem multifacetada supera abordagem unidimensional no longo prazo.
Estresse excessivo pode levar à busca por alimentos mais calóricos e ricos em gorduras na “quebra” do jejum.
Para quem é muito ativo fisicamente e tem metabolismo acelerado, é mais difícil atingir uma quantidade adequada de calorias em apenas duas refeições.
Já vi muitas pessoas entrando em dieta da moda, tendo resultado em 2-3 meses e nos 6 meses seguintes a pessoa não consegue sustentar o plano. Aí ela recupera o que perdeu e ganha mais gordura peso ainda. A estratégia deve ser sustentável, isso é inegociável. Se não for, veremos o efeito ioiô.
Os bons nutricionistas vão oferecer algo sustentável, que muitas vezes não segue o hype e dieta da moda da internet.
Há alguns pontos positivos desenvolvidos na prática do jejum que concernem a vida espiritual e religiosa:
Desenvolvimento de força de vontade;
Melhora da percepção e resolução do conflito entre vontades de curto, médio e longo prazo (ao menos cada interesse fica um pouco mais discernido);
Diminui a percepção de alguns problemas, podendo reduzir a reclamação/frustração em relação a eles – isso se a pessoa fizer outras refeições nutritivas ao quebrá-lo. Do contrário, pode gerar irritação e reduzir imunidade.
O que é importante lembrar é que a vida de um atleta não pede os mesmos hábitos que a vida de um asceta. O acompanhamento com um profissional da área da nutrição esportiva pode alguns problemas. Alguns atletas inclusive relatam que o realizar em único dia da semana produz efeitos positivos. Outros o realizam com lanches com pequenos lanches de menos de 100 calorias ao longo do dia, o que tecnicamente não é um jejum. É uma abordagem menos extrema.
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