A maioria das pessoas em academias convencionais busca ganhar mais músculo e perder gordura. Há, contudo, um desconhecimento geral sobre um dos princípios do treinamento que é fundamental para este progresso estético: a sobrecarga progressiva.
Sobrecarga progressiva não é essencial apenas para atletas de força, mas também para quem busca maior hipertrofia, por um motivo simples: antes de levantar um peso pesado para 10 repetições, você deve levantá-lo ao menos para uma, depois duas, três e por aí vai.
Vamos imaginar a seguinte situação: uma mulher, 57kg, que treina há 3 meses e busca pernas maiores. Seu agachamento é feito com 5kg de cada lado para 10 repetições. Será que buscar métodos avançados de treinamento como drop sets, tri-sets, elásticos, correntes ou repetições até a falha serão a melhor opção para ela? Ela terá algum ganho com esses métodos? Sim, provavelmente, afinal é iniciante e quase qualquer coisa produzirá resultados.
Mas após usar esses métodos avançados, ela já terá gasto todo o “cartucho” dela, já espremeu tudo o que podia de metodologias avançadas e ainda assim não terá resultados expressivos de hipertrofia. Continuará com frustração, acreditando que fez tudo do modo mais difícil possível e começará a pensar que o problema é da sua genética.
“Vocês não conseguiram viver com sua falha, e para onde isso os trouxe? De volta para mim” — Thanos. Sim, de volta ao treino de força, aos básicos.
O caminho mais rápido para ganho de hipertrofia em iniciantes é através de movimentos básicos, com uma sobrecarga progressiva. Apenas isso. Métodos avançados tem seu papel também, mas não podem substituir o ganho de força.
No exemplo que usamos, se a mesma mulher focasse nos próximos 12 meses em apenas melhorar seu agachamento, subindo a carga de 5kg de cada lado para 35kg de cada lado, o ganho de hipertrofia, não só nas pernas como nos glúteos também, será muito mais expressivo e duradouro. Isso aumentará muito a confiança dela em si mesma e no treino, pois ela percebe que a carga está subindo (não é algo subjetivo, ela vê claramente o peso subindo). Isso aumenta a aderência dela ao treino, afinal ao ver a barra subindo em 1–2kg com frequência, isso gera menos ansiedade e imediatismo em relação ao resultado final de um semestre inteiro de treino.
Essa estratégia orientada para treino de força tira a legitimidade de outros métodos? Óbvio que não. Será interessante utilizar estes outros métodos após atingir um nível mais avançado em treino de força, sem dúvidas. Ela também não precisa focar no progresso de força como se fosse uma levantadora de peso: não há necessidade em agachar com 80kg de cada lado para fins exclusivamente estéticos ou melhora de composição corporal. O equilíbrio é o ideal.
As academias perdem, portanto, uma grande ferramenta na melhora da composição corporal dos alunos, assim como na própria aderência dos mesmos ao espaço. Por que será que o crossfit, com seus quadros de PR’s e foco em movimentos básicos ao invés de máquinas, consegue atrair tantas pessoas? Eles focaram em algo que criou uma comunidade e resultados que são medidos, quantificáveis.
Enquanto isso, algumas academias convencionais perdem público por focarem mais “mercantilista” e menos voltada para resultados concretos, estes sempre medidos pelo aumento da carga / desempenho.
Excelente. Gostei muito do ponto de vista. Tem muita academia deixando de lado o propósito principal para dar lugar ao lazer.
Parabéns!